O blog que o Papa lia

domingo, abril 18, 2004

[Oh!YEAH!] Death Cab For Cutie

Seguindo na nova coluna deste blog. Introduzo aqui a banda supracitada. É bom, tem guitarrada, tem pianada e eu gosto. Procurem o último album deles, Transatlanticism.

O tempo não precisa de visão

Quem anda de metro conhece, concerteza, os pobres ceguinhos do, já mítico, pregão da "bondade ou possibilidade para me auxiliar". De entre estes, há três que utilizam as linhas que eu frequento.

A menos marcante é a ceguinha. Apregoa mal mas parece ser quem ganha mais. Inspira mais pena ou tem mais sorte. Não sei.

Depois há o jovem cego que faz ritmos com a bengala. Este eu já o observo há algum tempo. Inicialmente ele apregoava alegremente dizendo, de seguida, ao sair da carruagem, "mais vale dar um tiro na cabeça". Agora cala-se e faz ritmos. É melhor. Continua sem fazer dinheiro: ele anda muito depressa para a senhora bondosa retirar a moedinha da sua carteira para as moedas pequenas que estará debaixo da carteira das moedas grandes e, assim, de complicadíssimo acesso.

O mais interessante é-o devido a um pequeno pormenor. O cego é baixo, gordo e toca acordeão. Tem um lábio inferiro altamente proeminente. Característica indicadora de trissomia 21. O pormenor de que falava é muito simples, talvez trivial. O pobre cego do pregão usa relógio. O relógio está parado, no pulso direito e está sempre lá de cada vez que vejo o pobre ceguinho. Será que um relógio de pulso é o objecto que o faz sentir normal e integrado? Será que ele acha que alguém, ao olhar para ele, pensa "que homem tão talentoso" ao invés de "que cego mais inconveniente" quando vê o seu relógio? Seja o que fôr, se o relógio lhe der conforto e alegria só espero que não o perca.